Conferência

Convidadas: Paola Zordan (UFRGS) – Ortopedoxia

O corpo da professora moldado pelos liames da instituição educacional: problema para uma poética que trata das aparelhagens disciplinares. Pensar como o poder se exerce na vida em sala de aula constituindo uma  subjetvidade feminina dentro de rígidos parâmetros de conduta não é apenas uma questão a ser tratada com Foucault. Frida Kahlo, Clarice Lispector,  Madonna, Hilda Hilst, outras mulheres icônicas e algumas irrelevantes anônimas mostram como subjetivações esquizo, pensadas com Deleuze e Guattari, são possíveis. Nos desvios dessas personas o projeto a ser apresentado busca rupturas no senso comum a fim de eliminar a opinião,doxa que domina produções colonizando textos e traços com os clichês do que é bom, certo, direito.  Ao indagar o que pode o comportamento de uma professora em salas de aula, ortopedoxia apresenta simulacros das amarras, aparelhagens e outros dispositivos que procuram educar o corpo, esse que não se educa, a uma “posição” correta. Perante o imperativo das condutas ditas pedagógicas, das palavras de ordem que enquadram as pesquisas, das ortodoxias que hoje percorrem os escores acadêmicos, do sucateamento da produção intelectual livre, a presença da arte cria paroxismos para suportarmos alegremente universidades e escolas. Numa fala performance que raspa as dicotomias do erro e a mesmice das conferências se pensa o corpo, com o corpo, para um QORPO. Salve Santo infame, José Joaquim de Campos Leão, autor da Ensiqlopèdia, constructor de novos signos nas terras que deixavam de ser  “incógnitas”! Atravessada pela estratégia metálica de uma ascese sobre si,  uma professora selvagem artista pesquisadora doméstica simplesmente respira. Entre pulso, pressão e outrios sinais vitais o trabalho proposto afirma paradoxos plásticos e visuais para combater o que é prescrito sobre a mulher, especialmente aquela cujo sustento é magisterial.