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PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR

 

O evento acontecerá de 28 a 30 de setembro de 2014 no Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp.

30 de setembro

9h-12h: Apresentações de trabalhos acadêmicos e artísticos

 

14h-16h: Mesa redonda

Convidados: 

Convidado Internacional : a confirmar

e dois pesquisadores do Programa de Pós-Graduação da Unicamp

Coordenação: Wenceslao Machado de Oliveira Junior (FE/Unicamp)

 

17h-18h30: Conferência de Encerramento

Convidado Internacional : a confirmar

Mediadora:  Susana Oliveira Dias (MDCC-Labjor-IEL/Unicamp)

Planos Moventes

Convidados: 

Dolores Cristina Gomes Galindo (UFMT) - Explodir “no que se perde”, o mínimo e belo em meio a conflitos territoriais contemporâneos

 

“Quando um coração floresce/suas raízes intumescem:/paredes inchadas/válvulas crescidas/(explode no que se perde)”, diz-nos a  poetisa Micheliny Verunschk. 

A proposta desta apresentação é cartografar resistências, linhas de fuga mínimas e belas, emergentes em meio a conflitos territoriais contemporâneos que mobilizam aeronaves remotamente tripuladas no Paquistão e pistolas de antigos calibres empunhadas contra indígenas em Mato Grosso do Sul. Deteremos nossa atenção na artista paquistanesa Mahwish Chisty, atualmente residente nos Estados Unidos e na carta dirigida ao Estado brasileiro pelos Guarani e Kaiowá que anunciava uma morte coletiva como resistência à retirada das suas terras. Mahwish, depois de retornar ao Paquistão, em 2011, numa viagem a sua cidade natal, produz uma série de trabalhos inquietantes nos quais mistura a arte tradicional feminina da pintura de caminhões e bordados a armamentos bélicos: era urgente fazer esses trabalhos conta em diversas entrevistas que seguem. O Édipo é uma glândula, assim não procuremos raízes familiares para percorrer as formas delicadas que nos traz Mahwish e a intensidade terrível da morte anunciada entre os Guarani e Kaiowá. Arrisquemos agenciamentos de leitura intumescentes. Mobiliza-nos como questão central uma pergunta dirigida por críticos severos ao trabalho de Mahwish Chisty: seria a beleza uma forma de resistência? Seria a beleza uma forma de resistência quando o que está colocado é o imperativo do extermínio? Percorremos bordas, borderlands/La Frontera como descreve a feminista chicana Glória Anzaldúa. O poema de Micheliny, a arte de Mahwish, as resistências na Amazônia. Para isso, toca-nos voltar às reflexões de Deleuze e Guattari sobre servidão maquínica e sujeição social, máquinas motrizes e máquinas técnicas, às divisões relativizadas entre centros e periferias, revisitando-as sob as cores de Mahwish Chisty pintadas-bordadas nas carcaças dos armamentos considerados um dos investimentos centrais na política bélica norte-americana em conexão com resistências estético-políticas, na forma de cartas e imagens, postas em circulação pelos Guarani e Kaiowá frente às práticas de extermínio que, dentre outras tecnologias, valem-se de pistolas, pistoleiros e tiros à queima-roupa característicos do agenciamento maquínico do agronegócio. 

 

Luís Serguilha (poeta, Recife) - Leitor Transgeográfico

O corpo-transleitor-polimórfico atravessado pelas experimentações moventes, pelas forças paradoxais do mundo, transporta possibilidades cibridas, avessos friccionados, multidimensionalidades ondulatórias, urdiduras imprevisivelmente i-emergidas na magicatura fractal da indiscernibilidade e da indecifrabilidade. O leitor de reconhecimentos moventes caminha suspenso nos reflexos oblíquos das constelações e faz do seu olhar uma variação contínua adentro das fendas desterritorializadoras do poema: desequilíbrios plurivocálicos que se infectam criativamente sobre planos-multiformes: estas sombras das errâncias sonoras miscigenam-se com os fluxos cortantes-feiticeiros e com os estranhamentos das teceduras do dionisismo onde se infinitizam os ecos agramaticais das metamorfoses, os desvios das infravisualidades, a inacessibilidade vertiginosa, as contracturas sinestésicas, os traços caleidoscópicos, os acasos conflituantes, o estonteamento pollokiano, as expansibilidades das vizinhanças sedutoras que retraçam os corpos-leitores-buscadores de lances da loucura que reconstrói os redemoinhos acrobáticos da vida: o LEITOR ininterruptamente intercalado trespassa-se no pensamento transdutor, nas vozes indeterminadas e se relança nas desescritas-dançantes do mapa cósmico onde tudo tenta recuperar as repercussões das resistências vivas-sincopadas: aqui o LEITOR-prestidigitador sente a urgência pendular do impossível, a urgência de povoar o desconhecido insubordinado, de escutar a correnteza subversiva dos sons escondidos nas fissuras alucinantes dos acontecimentos fabuladores que enfrentam as esfinges intraduzíveis, as inscrições fantasmagóricas, os balanceamentos das disseminações pré-babélicas, o re-fluxo catalisador da intemporalidade das ruínas metacorporificantes: estas coreografias convulsivas do pensamento desterritorializado faz dos jogos de perspectivas os alfabetos nómadas, as visageidades do inumano espiritualizado, os transes estriados que se infiltram nas zonas de intensidades incessantes do LEITOR misturado de luzes excessivas-giratórias  e de desregramentos-criativos:  o LEITOR espectral do nomadismo acontece na meteorização dos olhares anónimos e no transbordamento dos limites da rotação das tecelagens epidérmica para se regenerar no fascínio da imagem descentrada e se trilhar com  os zonamentos estrangeiros em planos mutáveis, em circuitos heterogéneos de de-composição simbiótica arrasadores de qualquer tentativa de representação ____sim____estamos perante as  forças estéticas entrecruzadas no corpo-mosaico do LEITOR-salteador de retornos  contaminados  pela petrologia-lávica que o faz resistir a qualquer tipo de poder!

 

 

Marcos Reigota - " A ecosofia de Félix Guattari e as suas conexões  tropicais" . 


São bem conhecidas as viagens que Félix Guattari fez ao Brasil nos últimos anos da ditadura civil-militar. Nessas viagens ele teve  contato com os movimentos sociais. Em 1989 ele publicou "As três ecologias" que teve significativo impacto entre nós. No livro "Qu'est-ce que l'écosophie?" organizado por Stéphane Nadaud encontram-se os textos que precederam à elaboração da noção de ecosofia e importantes observações de viagens  sobre o Japão e quase nada sobre o Brasil. Na ausência (até o momento) de documentos, textos, imagens e outros testemunhos dos eventuais (des) encontros de Félix Guattari com Hilda Hilst,  Paulo Freire, Jorge Mautner, Paulo Leminski, Frans Krajcberg e outros nomes que marcaram a ecosofia nos trópicos nos resta a possibilidade da criação ficcional das conexões (im)possíveis.

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